quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A consagração da artilheira

_ E então, Serafina? Sou todo ouvidos...
_ Ah, seu Nonô, acho que não tenho nenhuma história que o senhor ainda não saiba. Eu sempre lhe conto tudo o que acontece comigo!
Lá do sítio dos meus avós, o Ribeirão Fundo, só tenho lindas lembranças. Parece que estou vendo o cafezal salpicadinho de vermelho, me dá até vontade de pintar um quadro, também vejo os bois atravessando o riacho, o milharal cheinho de espigas, sinal de que a gente ia comer muita pamonha e muito curau... O que mais?... Ah, também me lembro da inauguração de um campinho de futebol que o meu vô Quim preparou para os meninos da redondeza jogarem suas peladas. Depois de muito custo conseguiram formar dois times, juntando daqui e dali... Só que, na última hora, faltou alguém e um dos times ficou com dez jogadores. E eu, que a bem da verdade gosto mais de uma boa farra que de uma bola, como estava com uma bermuda velha e uma camiseta de ficar em casa, nem esperei ser convidada e já me coloquei a postos. E o senhor sabe da melhor? Até hoje não sei como, não me pergunte, mas consegui marcar um gol de bicicleta! Foi a maior consagração da minha vida, seu Nonô!
_ Sabe que esse caso me fez lembrar de uma outra menina que conheci, chamada Joana, a Joana Banana? Bem, mas isso não importa, agora. Eu queria sugerir um título para sua história, como você fez com as minhas. Que tal A consagração da artilheira ou O primeiro gol de placa da Serafina?
_ Acho melhor o primeiro, seu Nonô, mesmo porque nunca mais marquei gol nenhum, muito menos de placa!

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