sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A Morada das Flores...





... exuberante,
em plena primavera!










quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Os trilhos da saudade...

_ Está com dor, Serafina? Dor de cabeça, de barriga? O que foi que você comeu no almoço?

_ Hã? Dor? Almoço? Hum... que fome! Não, seu Nonô, não se preocupe. Acabei pegando no sono quando o senhor começou a imitar o barulho do trem e sonhei com um cavalo mágico, que se assustou com um espantalho horrível e me derrubou. Se eu acordei falando em dor, deve ter sido a dor do tombo do sonho, só isso.
_ Ah, então fomos dois, Serafina, pois eu também acabei tirando um bom cochilo. E acordei sem dores, mas com fome... Que tal a gente interromper a contação de histórias para fazer um bom lanche?
_ Ótima idéia, seu Nonô! Ótima idéia!

Depois do lanche, que mais lembrava uma refeição...
_ Que delícia, seu Nonô! Este nosso lanche mais parecia um daqueles cafés da tarde no sítio dos meus avós. Tiana é a melhor quituteira que conheço! E a vó Rita, então, faz uma espécie de sonho frito, que fica oco por dentro, macio feito paina, que vem mergulhado em uma calda feita com água de laranjeira. Além de deliciosíssimos, ficam um pouquinho perfumados, o senhor acredita?
_ Claro que acredito, Serafina. O perfume da flor da laranjeira é inebriante! E me faz lembrar de muitas histórias, além daquela sobre as noivas, que já lhe contei.
_ Pois então, a gente pode dar uma parada, para refrescar a memória, e marcar outra sessão de histórias, daqui a algum tempo. O que o senhor acha?
_ Acho ótimo, Serafina. Muito mais que a sua, a minha memória precisa de muito refresco...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Os trilhos da saudade e dos sonhos

_ Saudades do perfume das flores de sua mãe, seu Nonô? Que bonito...
_ Ah, saudades de tudo, minha filha! Do barulho do trem, que passava perto... Que vontade de fazer uma viagem nele, meu Deus, que vontade de correr o mundo pelos trilhos do trem! Nem que para isso eu tivesse que trabalhar como maquinista! Quando ouvia aquele apito grave
-- fooooooooom! -- ... Está me ouvindo, Serafina? Bem, quando eu ouvia...

... Quando ouvia o apito do trem, chamava por Pégaso, meu cavalo que não precisava de asas para ser mágico, e íamos atrás dele, os dois, só pelo prazer de ultrapassá-lo rapidinho e acenar para quem estava dentro. Nosso passeio era por outros reinos, desconhecidos dos simples mortais, verdadeiros paraísos do planeta, onde só nós dois podíamos entrar. Eram cascatas e mais cascatas, aves raras, animais selvagens e plantas carnívoras, que não nos atacavam, nunca, flores exóticas, vitórias-régias que se abriam e fechavam quando a gente passava, em um solene cumprimento...
Mas sabe a única coisa que conseguia assustar meu cavalo e quebrar seu encanto, por algumas horas? Algum espantalho, acredite se quiser! Pégaso parava, relinchava, abaixava, para que eu pudesse descer, e começava a andar de ré, até sumir na imensidão!
Uma vez, ele deu de cara com um espantalho tão feio, mas tão feio, que saiu em disparada, sem me dar tempo de descer! Que tombo, meu Deus, que dor!...

_ Dor, Serafina? Mas o que foi que aconteceu?

(continua na próxima postagem)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Será o Benedito?

(Mais uma história do seu Nonô...)

Sabe do que me lembrei agora, Serafina?
Das procissões na fazenda. Se as águas de março demoravam, era a procissão do dia 19, para pedir chuva e colheita farta a São José. Nos meses de junho, então, eram as rezas para Santo Antônio, nos dias 11, 12 e 13, a festa junina, sempre na noitinha do dia 23, véspera de São João, e a procissão para São Pedro, no dia 29, que culminava com a queima de fogos.
Mas a maior festa religiosa da fazenda, Serafina, acontecia no último fim de semana de setembro, em homenagem a São Benedito. Como devotos do santo negro, que foi cozinheiro, os donos da fazenda mandaram erguer uma capela para ele. Era pequena, singela, mas muito bonita!
Eram três dias de festança esperados o ano inteiro! Começava na sexta e acabava no domingo à noite. E vinha gente de toda a redondeza para participar da quermesse, do leilão, dos comes e bebes, do cururu, uma espécie de dança de roda, com música feita na base do desafio, e do baile, um verdadeiro arrasta-pé, onde se dançava de tudo, até o raiar do sol do domingo.
A parte da decoração da capela e do barracão da quermesse ficava sempre por conta da minha mãe, que caprichava nos arranjos das flores que colhia nos canteiros que ela mesma cultivava. E tinha um ciúme danado deles, Serafina!
Até a nossa casa, me lembro como se fosse hoje, até a nossa casa ficava florida em época de festa.
Tenho saudades até do perfume das flores da minha mãe...

domingo, 18 de outubro de 2009

Um ótimo domingo...





Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho
Eles passarão...
Eu passarinho!

Mario Quintana





... na companhia do nosso queridíssimo Mario Quintana, começando pelo charmoso e original Café Santo de Casa, situado no sétimo andar da Casa de Cultura que leva o nome do escritor e percorrendo, depois, com serena emoção, o interior do edifício, antigo hotel onde ele viveu durante muitos anos. Tudo isso em Porto Alegre, às margens do Guaíba.