segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Será o Benedito?

(Mais uma história do seu Nonô...)

Sabe do que me lembrei agora, Serafina?
Das procissões na fazenda. Se as águas de março demoravam, era a procissão do dia 19, para pedir chuva e colheita farta a São José. Nos meses de junho, então, eram as rezas para Santo Antônio, nos dias 11, 12 e 13, a festa junina, sempre na noitinha do dia 23, véspera de São João, e a procissão para São Pedro, no dia 29, que culminava com a queima de fogos.
Mas a maior festa religiosa da fazenda, Serafina, acontecia no último fim de semana de setembro, em homenagem a São Benedito. Como devotos do santo negro, que foi cozinheiro, os donos da fazenda mandaram erguer uma capela para ele. Era pequena, singela, mas muito bonita!
Eram três dias de festança esperados o ano inteiro! Começava na sexta e acabava no domingo à noite. E vinha gente de toda a redondeza para participar da quermesse, do leilão, dos comes e bebes, do cururu, uma espécie de dança de roda, com música feita na base do desafio, e do baile, um verdadeiro arrasta-pé, onde se dançava de tudo, até o raiar do sol do domingo.
A parte da decoração da capela e do barracão da quermesse ficava sempre por conta da minha mãe, que caprichava nos arranjos das flores que colhia nos canteiros que ela mesma cultivava. E tinha um ciúme danado deles, Serafina!
Até a nossa casa, me lembro como se fosse hoje, até a nossa casa ficava florida em época de festa.
Tenho saudades até do perfume das flores da minha mãe...

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