sábado, 25 de julho de 2009

Quanto mais se vive...

Ontem, 24 de julho, o Serafinices completou meio ano de existência.
Hoje, 25, minha agenda me avisa que é o Dia do escritor.
Daqui a menos de 3 meses vou completar 60 anos de idade. E fico muito aborrecida quando as pessoas não me deixam falar sobre a velhice e me interrompem com aquelas velhas e desgastadas frases:
"Não parece! Qualquer pessoa não lhe daria mais que 50!" (ou até 40, 40 e poucos, imaginem!!!)
Ou então... "Você tem espírito jovem, nunca vai ficar velha!" Isso, quando não acrescentam:
"Ainda mais escrevendo para crianças!"
O que importa, minha gente, não é parecer. Importa, sim, continuar vivendo, naturalmente, ciente de que o tempo nos impõem limites e de que eles vão restringir nossas acões, claro.
A única coisa que temos a fazer é aceitar a constatação, com serenidade, e fazer tudo o que nos for possível para superá-los.

Faz mais de um mês que o joelho direito vem me incomodando bastante. Não me impediu de andar, mas de fazer as caminhadas e os exercícios a que meu corpo estava acostumado.
Confesso que isso mexeu muito comigo. Fiquei triste, chateada, um pouco deprimida, até.
Foquei, então, toda a minha atenção e energia nessa parte tão delicada da perna e de vital importância no nosso dia-a-dia. Afinal, dela dependem os nossos movimentos.
Foram seções e mais seções de fisioterapia, acupuntura e outras terapias alternativas, para evitar os terríveis efeitos colaterias dos anti-inflamatórios.
Mas agora, neste momento solene, manhã chuvosa do sábado do escritor, quero manifestar oficialmente o meu agradecimento ao joelho direito.
"Você me mostrou claramente um limite que, em última instância, afeta uma das coisas que mais amo na vida: viajar. Viajar significa andar muito, caminhar por ruas de pedra, que sobem e descem, ruelas estreitas, com saliências e reentrâncias inesperadas. Viajar significa andar muito, mesmo em um piso regular, subir e descer escadas, em museus, teatros, cinemas e feiras ao ar livre; viajar significa aventurar-se por estradas e atalhos, passar sob uma cerca de arame farpado para chegar a um lugar de onde se pode admirar uma paisagem magnífica! E viajar significa, principalmente, ir conhecendo pessoas de diferentes culturas pelos caminhos trilhados.
Você me mostrou também uma faceta que eu desconhecia em mim: mil vezes as rugas, sinais do tempo, mil vezes a flacidez, os efeitos da lei da gravidade, que a dificuldade ou até a impossibilidade de um movimento que limita e restringe o meu ir e vir. E isso me causou uma sensação muito boa, de paz com a vida e comigo mesma."

O joelho direito me fez parar para refletir e me mostrou que não estava sendo tratado como deveria, que estava sobrecarregado com o peso de uma tarefa que ele já não conseguia cumprir.
Obrigada, joelhinho! Pode ficar sossegado, pois eu entendi o recado e aprendi a lição.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Começar de novo

Os funcionários da Eletropaulo vieram trocar a lâmpada do poste que fica em frente à Morada e jogou fora o ninho da família bem-te-vi. Eu reclamei e um deles me respondeu que estava vazio.
O que ele não devia saber é que, se ninguém pusesse as mãos no ninho, a mãe bem-te-vi poderia usar o mesmo para chocar outras vezes.
Assim, a família teve que construir um novo, pois a época de procriar está próxima.
A família costuma frequentar meu quintal, mais exatamente o muro que divide minha casa e a do vizinho, para comer um pouco da ração de Nina e Filó. Já experimentei colocar quirera graúda, como a que dou para os passarinhos que visitam diariamente meu jardim, mas não adiantou.
Se a ração não estiver em cima do muro, eles entram na cozinha e se servem diretamente no prato, o que irrita solenemente as cachorras quando se dão conta da presença dos intrusos...