sexta-feira, 3 de julho de 2009

Férias!!!


Andei um pouco sumida, eu sei, e peço desculpas a todos.
Acontece que estive totalmente dedicada às provas de fim de semestre.
E valeu a pena, como valeu! Passei em todas as matérias, com boas notas, nenhuma recuperação e, como prêmio, férias no Ribeirão Fundo!!!
Para quem não sabe, esse é o nome do sítio onde moram meus avós, o vô Quim e a vó Rita, um dos lugares mais lindos do mundo!
Os dois já estavam aqui em casa, esperando que eu terminasse as provas para me levar com eles. Estou feliz da vida! E só volto no penúltimo dia de férias, para não chegar muito em cima da hora.
Até a volta! Um beijinho da Serafina

terça-feira, 30 de junho de 2009

O indutor de sonhos

Para construir os 4 volumes que compõem a coleção Caminhos do São Francisco, editados pela FTD, viajei durante dois anos, num intenso movimento de ir e vir. Procurei seguir, por terra, o curso do Velho Chico, da nascente à foz, passando por todos os estados por ele banhados.
E mais: fui em busca dos chamados "bolsões de pobreza", para ver de perto o que alguns documentários já haviam me mostrado. Andei pelos sertões de Minas, da Bahia e de Alagoas, especialmente, e o que vi e vivi em contato com a miséria e a fome, agravadas pela seca, que ainda assolam tantas pessoas, fizeram de mim uma outra pessoa.
Não se passa impunemente por caminhos assombrados por tanto sofrimento, tanta crueldade e tanta desumanidade, em décadas e mais décadas de descaso e abandono.
Fiz o que pude. E continuo fazendo.
E eu, que tanto falo em sonhos, que sempre sonhei vivendo e vivi sempre sonhando, e que até agora, prestes a completar 60 anos, alimento de pequenos sonhos a rotina do meu imaginário sempre faminto, sem ter a consciência de como faço isso, pois bem, eu me deparei com crianças -- e quantas! -- que não tinham comida para matar a fome, água para matar a sede, remédio para matar a dor, carinho e atenção para matar a indiferença, o desamor.
Crianças que mal moravam, não brincavam, não estudavam e ... não sonhavam! Mas como sonhar suportando o peso da vida com as poucas forças que tinham?
Crianças cujos olhos não brilhavam. Mas como brilhar sem perspectiva alguma, sem horizonte, tendo, a perder de vista, apenas a caatinga que mal conseguia sobreviver na terra rachada de tão seca?
Dei amor, dei comida, dei roupas, dei o que pude. Doei livros, tantos quantos pude conseguir.
Faltava, porém, uma coisa que pudesse mexer com a imaginação daqueles meninos, tão seca e árida quanto a terra que pisavam.
O que fazer? O quê?!?
De repente, um belo dia, deu o estalo: um caleidoscópio! Um, dois, três, tantos quantos eu pudesse esparramar pelos sertões afora.
Foi o que fiz. Algum sonho colorido há de ter iluminado aquelas cabecinhas e alimentado seus corações! E só o fato de saber disso já me deixa em estado de graça!

Em tempo: se você conhecer alguma criança com olhos opacos, parados, olhando fixamente para um ponto vago do infinito, procure um caleidoscópio e lhe dê de presente.
Você não imagina o bem que estará fazendo a ela e a si mesmo.