sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O encantado

É como se fosse um encontro sorteado. Desses, que nem figurinha carimbada ou palito de picolé que dão direito a outro, de brinde. Só que palito e figurinha a gente troca. Mas encontro carimbado não dá para trocar: tem que identificar, sentindo, e saber aproveitar o "algo mais".
O encontro encantado vem envolto em uma espécie de película de encantamento, claro, e de proteção. Brilha e vibra muito mais que os outros. E o encantado não vem para afastar o encontro do real, não. Só vem para diferenciá-lo dos demais, pois a película do invólucro não deixa a mesmice do cotidiano entrar.
Logo que as pessoas nascem, alguns encontros encantados são reservados para elas. São encontros que podem unir amigos, companheiros, namorados, amantes, cúmplices... Vai depender da etiqueta de cada um.
E como é que a gente vai saber quando encontrou o encantado? Saber, saber, nunca, quero dizer, só vai saber sentindo, sem a pretensão de querer entender.
Esse é o primeiro passo. No segundo, está a chave de tudo: a chave que destranca a fonte de encantamento que existe dentro da gente. Daí, é só deixar pingar, gota aqui, gota acolá, uma hoje, duas depois de amanhã... Ah, e ter muito cuidado para não exagerar na dose. Tem que ser na dose exata.
Depois disso tudo, que não é pouco, nem fácil, é só se entregar e desfrutar, sabendo que, para isso, vai ter que suportar a torrente de emoções que, fatalmente, será desencadeada.
Tomara que você, que todo mundo consiga provar do sabor especial, forte e suave, doce e azedinho e até picante que um encantado pode ter. Acho mesmo que só os encantados valem a pena, ou melhor, só eles é que podem ser chamados de ENCONTROS. O resto é encontro, esbarrão ou trombada.
Agora vem a parte mais delicada do encantado: se, por qualquer razão, a película de proteção se romper, imediatamente o encantado se dilui, evapora e uma tristeza infinita chega para ocupar o lugar dele. Não adianta querer resistir, porque, na verdade, essa tristeza que você vai sentir, inevitavelmente, é a tristeza da vida que chora por ver duas pessoas escolhidas desperdiçarem um presente tão especial que lhes foi oferecido.
Deixe e espere a tristeza passar; chore com a vida. É o único jeito de se livrar da dor da tristeza e, aos poucos, ir sentindo o que ficou no lugar dela. E isso é imprevisível, além do que, pode variar de pessoa para pessoa.
Mas uma coisa é certa: se você achou a chave e deixou jorrar sua fonte, mesmo tendo errado um pouco na medida, o encantado desfaz o encontro, mas não desfaz o encanto... Ao contrário, só reforçou, direto na sua fonte, o poder que ele já tinha. Pode até ser que seja mais fácil, dali para frente, encontrar uma pessoa que já venha com a fonte aberta.
Só tem mais um ponto importante: no verso de cada etiqueta vem escrita uma frase que não deve ser ignorada, pois funciona como um sinal de alerta. Varia um pouco, de encantado para encantado:

"Almas desencantadas vão ser almas distanciadas."

"Almas desencantadas são almas desencontradas."

"Almas desencantadas e desencontradas estão irremediavelmente separadas."

"Almas encantadas quando se encontram e se entregam..."

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Blog-bloco da Serafina


Gostaram desse trabalho artístico?
Foi uma das colagens que andei fazendo, de uns tempos para cá. Tomei tanto gosto por cortar, recortar, colar, procurar diferentes tipos de material -- o quarto de costura de minha mãe é um verdadeiro baú de preciosidades! -- e inventar, que não parei mais!
É como se eu escrevesse com figuras, imagens, no lugar das palavras!
Esta que escolhi foi feita com tecido (as rosas), papel (o Louro), uma pena de verdade que achei na rua, e lavei bem, claro, e sementes de girassol, que, não sei se vocês sabem, é uma das comidas preferidas dos papagaios.
Outro dia eu falo um pouco mais dessas minhas obras artísticas. Já são sete horas da noite, não jantei e nem tomei banho ainda!
Até outro dia, então!
Serafina