segunda-feira, 27 de abril de 2009

Uma carta da Espanha! (continuação)

Pois é. E o que aconteceu foi que seu Arturo sabe contar as histórias de um jeito tão, tão apaixonado, parece até que está representando um papel no palco, que no fim eu já não sabia dizer se tudo tinha acontecido de verdade ou era só invenção da cabeça do seu Miguel.
Mas depois achei que isso não tinha importância. O caso era que eu também tinha ficado apaixonada pela figura de D. Quixote, e já conseguia enxergá-lo atravessando a Espanha, montado em seu cavalo, Rocinante (achei tão lindo esse nome, combina tanto com cavalo!), na companhia do seu fiel escudeiro, Sancho Pança.
No meio de tantas aventuras que seu Arturo teve tempo de me contar, a que mais me impressionou foi a dos moinhos de vento: D. Quixote enxergou gigantes no lugar de moinhos, e partiu para a luta, com a cara e a coragem!
E deixou Sancho falando sozinho:
_ Não são gigantes, D. Quixote, são moinhos!

Agora, aqui estou eu sentada no chão do meu quarto, com este montão de fotos dos moinhos vistos por todos os lados, por dentro e por fora. Meu livro está em um lugar de destaque na estantinha da parede. Só dei uma olhadinha, virei as páginas, sem lamber o dedo, para não estragar o papel, e guardei bem guardado. Sinto como se fosse um tesouro vindo da Espanha!
Dúvidas, já não tenho., quero dizer, esse homem, um valente e sonhador cavaleiro, existiu. Acredito nisso até que alguém me prove o contrário.
A partir de agora ele vai fazer parte da minha vida.

(Continua no próximo capítulo; já estou ficando com fome, já passou do meio-dia, e depois do que vi hoje, quando fui reler o que tinha escrito, quase morri de tristeza: Espanha começada com letra minúscula, e um "nem" sem o ene, ficou "em sei quantas vezes." Daí concluí que a fome também é inimiga da perfeição, assim como a pressa. A pressa da fome, então...)

Nenhum comentário: