sábado, 31 de janeiro de 2009

O Senhor das Camélias

Passei um bom tempo à procura de um senhor que fazia encostos de cadeira com junco trançado, num trabalho belíssimo, diferente de todos os que eu já havia visto. Foi muito difícil encontrá-lo. Perguntei a várias pessoas, mas ninguém o conhecia, ninguém dava alguma informação que pudesse ser útil.

O encontro se deu por acaso, em uma das caminhadas que eu fazia, tentando econtrar seu paradeiro. Ele estava de costas, regando os canteiros de sua horta. O terreno era imenso, muito bem cuidado, todo cultivado.

Fui-me aproximando devagar e, mesmo de costas, o senhor logo se deu conta da minha presença, como se já me esperasse. Começamos a conversar quando, de repente, me deparei com um pé de camélia cor-de-rosa, uma das minhas flores preferidas.
O Senhor das Cadeiras, depois Senhor da Horta e, agora, Senhor das Camélias colheu uma flor e me ofereceu. Em seguida, colheu outra e começou o que seria, para ele, uma espécie de brincadeira.

Preste atenção, porque agora é que vem a parte mais bonita da história. O Senhor das Camélias pegou sua flor, colocou-a dentro de um copo pequeno, redondinho, de cristal transparente, e começou a girar sua haste, apertando as pétalas contra o fundo do copo, com carinho, falando com ela como se fosse uma pessoa.
Dolorida, a camélia começou a chorar -- dava para ver as lágrimas que vertia dentro do copo. O senhor, então, começou a consolar a flor que, aos poucos, foi-se acalmando. Num dado momento, ele murmurou alguma coisa, desvirou o copinho, que estava de boca para baixo, puxou a camélia pelo cabo e... eis que ela se transformara em um pássaro! A cabecinha, transparente, tinha sido feita com as lágrimas e o corpo, também transparente, mas rosa, pois havia se originado da própria camélia.
Só que o passarinho não era de verdade. Era, sim, um belíssimo e delicado bibelô de cristal transparente, batizado de Mumu, que acabei ganhando de presente.
Saí daquele lugar encantado completamente fascinada, com Mumu nas mãos, e me encontrei, logo mais adiante, com um bando de crianças.
Sabe o que fizemos juntos? Sentados sobre a grama do chão, em círculo, resolvemos inventar uma história, cujo título seria: "Um novo amigo, Mumu".

A história que acabo de contar nasceu de um sonho lindo, que até hoje me deixa emocionada, pois as imagens permanecem vivas em minha memória.

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