quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Minha Filó


"Só falta falar!" ?
Não, só falta a gente entender a linguagem deles, ou dela, neste caso.
Com 6 anos e alguns meses, uma cesariana para ajudá-la a parir os 8 filhotes, 7 machos e uma fêmea, Nina, que também ficou comigo, minha sintonia com Filó, principalmente, é cada dia mais fina e sutil. Já nos entendemos pelo olhar, pela postura, pelos gestos, pelo tom de voz...
As duas aprenderam a gostar de músicas suaves, que relaxam; as duas já se encaminham para o nosso quarto logo depois do almoço, para o descanso que separa a manhã da tarde, e depois, por volta das oito, para o descanso da noite.
Isso, sem contar que já consigo identificar os vários latidos de mãe e filha, latidos especiais para cada tipo de situação.
Para os bois que vêm se alimentar no pasto ao lado da Morada, o latido é mais seco, vigoroso e insistente; já para algum outro animal que esteja passando ou ainda vai passar, é o latido-uivo, que vai se tornando cada vez mais agudo e, às vezes, beira o lamento. Coisa de ancestralidade, talvez...
Quando passam as crianças que pulam a cerca do pasto para nadar no Ribeirão da Serra, são latidos veementes, com sinal de incontida irritação; se estão de bicicleta ou carrinho de rolemã, então, ainda não achei um adjetivo que defina exatamente os latidos de mãe e filha.
Pobres carteiros que, para chegar ao Infinito, têm que usar motos: são recebidos com latidos e movimentos de verdadeiras feras!
Mas, se a pessoa que se aproxima é conhecida e/ou querida, o latidinho é cantado, choramingado, de quem pede para dar e receber carinho.
Para terminar este primeiro capítulo dedicado aos cães, uma de minhas grandes paixões, transcrevo a frase de uma cachorreira tão apaixonada como eu:
"Jamais algum ser humano olhou para mim com olhos de tanto amor!"

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é. Aí, no Infinito, que tanto amamos aqueles que o conhecemos e frequentamos, há umas cadelinhas que são "sinhazinhas". São as sinhazinhas do sítio da flores, também chamado "Morada das Flores". Mas o fato de serem tão senhoritas não as impede de voltarem as suas origens, é claro, e uivarem como os ancenstrais. Filó, na foto, está em seu momento chique e o lado ancestral ela deixa para as excursões pelo mato. Eu, aqui da Espanha, queria saber se o sem-fim já canta/pentelha a noite toda. No hemisfério norte, embora esteja nevando e fazendo um frio de rachar, no Parque Central de Tres Cantos, já se ouve. E assim, de pássaro em pássaro, de flor em flor, de cão em cão, a gente vai comunicando e construindo pontes entre o lado de cá e o lado de lá.

Beijos do lado de cá (ou deveria dizer de lá?)

Mara

Anônimo disse...

No meu anterior comentario esqueci de dizer que quem já canta por aqui, no Parque de Tres Cantos, em Madrid, é o merlo. Na verdade só ouvi um. Cá para nós, acho que ele anda meio "distraído", porque com este frio, não acho que tenha uma passarinha fêmea que tope iniciar as tarefas de procriação. Cadê as folhas das árvores para esconder o ninho? Mas não vou ser eu que contrarie a natureza, não vou dar lições de vida a um pássaro. Que eu saiba, quem está meio perdido neste mundo global e tão tecnificado é o ser humano. Os animais continuam sabendo o que fazer sempre. E fazem mesmo, a não ser que haja alguém (humano) atrapalhando. Gostei, Cris, do seu cuidado para não perturbar quanto tirou a foto. Há coisa na vida que precisam de muito sossego: começar a viver é uma delas. Mas, a foto saiu? Seria bonito que ela fosse mostrada neste blog que está se revelando um ato de amor à natureza.
Obrigada, minha amiga.

Beijos gelados

Mara