domingo, 8 de fevereiro de 2009

A partida

Ontem à tarde, depois de passar uns quatro ou cinco dias sem sequer chegar perto do ninho, não resisti: levei comigo uma cadeira, subi e espiei, bem devagar, sem mexer no xaxim, com medo de encontrar o filhote sem vida. Na noite anterior não havia conseguido enxergar a cabecinha da dona Tica alimentando e aquecendo o seu Tiquinho. Por isso, minha preocupação.
Abri os olhos bem devagar e, para minha infinita felicidade, lá estava ele, também com os olhinhos bem abertos, me olhando placidamente, como se já fôssemos velhos amigos.
Quando já estava me retirando vi o que achei serem o pai e a mãe do filhotinho, ciscando a grama do jardim em busca de comida. Que bom! Tudo estava transcorrendo normalmente.
Hoje, domingo, pedi a minha irmã, bem mais alta que eu, que tentasse tirar uma foto do bichinho.
Ela subiu na cadeira, olhou daqui, olhou de lá... e nada! O ninho estava vazio.
Que pena! Que bom! Que saudade! Que bom que deu tudo certo! Fiquei pensando, depois, que naquele olhar tão sereno havia um quê de despedida. Tiquinho sabia que sua hora de conhecer o Infinito havia chegado.
Ontem à noite, ainda pude ver a cabecinha da mãe no ninho-berço da minha varanda que, por uma semana, dez dias, mais ou menos, havia se transformado em maternidade...
A partida, imagino, deve ter acontecido na manhã de hoje, pois choveu muito durante a noite.
Amanhã eu penso o que vou fazer com o ninho. Mas, uma coisa é certa: a samambaia vai poder saciar sua sede.

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