domingo, 14 de março de 2010

Proseando com Cornélio...


Num fará mar?

No interior do Brasil, ao se chegar a uma casa em hora de refeição, especialmente na roça, é comum perguntarem:
_ Quem sabe o senhor não almoçou ainda?
Ou então:
_ Quem sabe o senhor ainda não jantou?
Mas, algumas vezes se esquecem de indagar essa particularidade e a situação do hóspede não é das melhores.
O Balduíno, no seu cavalo abombado, chegou uma tarde à fazenda de amigos e, tendo-se atrasado no caminho, não chegou a tempo para jantar.
Os donos da casa foram amabilíssimos. O fazendeiro mandou desencilhar o animal e dar-lhe boa ração de milho, antes de soltar no pasto.
Mas, que descuido! Ninguém se lembrou de perguntar ao Balduíno se já havia jantado. Com o estômago nas costas, o pobre caipira até perdeu o jeito de conversar.
Ao chegar a hora de se deitar, veio, na forma do antigo costume, o bacião de água, enorme, para o hóspede lavar os pés...
Só então o Balduíno achou uma oportunidade:
_ Lavá os pé in jejum num fará mar?
Foi um corre-corre para arranjar comida para o caboclo.

(Texto extraído da mesma obra mencionada na postagem anterior.)

Um comentário:

Anônimo disse...

Tietê tem de estar bem feliz e orgulhosa de ter uma escritora que dedica tempo para publicar os frutos dessa terra: pessoas, edifícios, flores, plantas, árvores... tudo temperado com o amor de quem o descreve