"Por que não hei de amá-lo? _ Se esse rio
é o amigo dos tempos de criança,
que o meu primeiro pranto repetiu,
levando-o em eco, na correnteza mansa!"
Contador de "causos" caipiras, autor de vários livros e produtor de discos, admirado por Mario de Andrade, Amadeu Amaral, Sílvio Romero, entre outros, o tieteense Cornélio Pires viveu e cantou o seu rio como um autêntico ribeirinho, criado à beira de suas barrancas.
"Foi ele, esse Tietê, quem mais me viu
cheio de sonhos, cheio de esperança...
E muitas vezes comigo repartiu
sua calma ideal, sua bonança."
O curso de sua vida acompanhava o do rio. Ou era o rio que acompanhava, solidário e amigo, o rumo de sua vida? Ora as águas levavam seu pranto, ora sonhavam com ele, ora lhe emprestavam um pouco de calmaria...
"De dia, ele a passar todo escorreito,
era parceiro meu de correria,
eu pela margem e ele pelo leito.
Ao luar, pela noite, ele passava
e estrelado de espumas se estendia
e tal qual eu, tranquilo, repousava."
Mais que um amigo, um parceiro, um cúmplice, que lavava a terra, o corpo e a alma. E, acima de tudo, talvez, mostrando que a vida, assim como suas águas, tem que seguir seu curso normal, ao sabor da correnteza. Inútil apressar, impossível parar. Basta apenas deixar fluir seu ritmo natural. Mesmo porque, não será a vida um rio que corre dentro da gente?
sexta-feira, 13 de março de 2009
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